Cada vez mais quente

O homem calcula a temperatura média
do planeta desde 1861. E nunca se
registraram ondas de calor intensas
como as dos últimos anos

Nos últimos 100 anos, a temperatura média da Terra elevou-se 1 grau. A essa diferença aparentemente pequena os cientistas atribuem uma série de fenômenos. As neves do Kilimanjaro, o pico mais alto da África, perderam 80% do volume nos últimos 100 anos. Prevê-se também o fechamento de mais da metade das estações de esqui dos Alpes até 2050. As enchentes de dezembro deixaram 15.000 desabrigados na França, mesmo país onde a onda de calor do último verão causou incêndios e mortes. Secas na Ásia Central, fogo devastador na Califórnia, tufões e monções no Sudoeste Asiático, tudo é creditado ao progressivo aquecimento global. "Essa mudança do clima, percebida nesses eventos extremos, é um imenso desafio do mundo de hoje", diz Klaus Toepfer, diretor executivo do Programa Ambiental das Nações Unidas.

Nos últimos seis anos foram registradas as três maiores temperaturas médias do planeta desde 1861, quando se começaram a ter registros confiáveis. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2003 foi o terceiro ano mais quente da história. A média da temperatura sobe quase ininterruptamente no último quarto de século. Alguns cientistas prevêem que ela aumentará 5,8 graus nos próximos cem anos. Para uns, estamos passando apenas por novas etapas do período de degelo mais recente, iniciado 20.000 anos atrás. Para outros, a maior parte do fenômeno resulta da ação do homem cortando e queimando matas, desviando rios, construindo represas, consumindo combustíveis fósseis – e até pastoreando ovelhas. Caprinos, bovinos e suínos são emissores de gás metano, subproduto da digestão. Como há pelo menos 2 bilhões de cabeças desses animais em rebanhos para abate, também estes passaram a ser uma fonte considerável de acúmulo de gases causadores do efeito estufa na atmosfera (veja os quadros).

 

Fotos Nasa

AS NEVES DESAPARECEM
O Kilimanjaro, o pico mais alto da África, em foto de 1993 (à esquerda) e sete anos depois: 80% da cobertura já sumiu

 

Um grupo de mais de 1.500 cientistas, membros do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (em inglês, IPCC), órgão vinculado à ONU, considera haver "fortes evidências" de que a ação humana tem grande responsabilidade sobre as mudanças no clima. Desde que os ingleses ergueram a primeira chaminé da Revolução Industrial, no século XVIII, o nível de dióxido de carbono na atmosfera aumentou 30%. O de metano, 150%. Esses dois gases funcionam como um escudo que impede que parte dos raios infravermelhos emitidos pelo Sol e rebatidos pela Terra volte para o espaço. Assim como a cobertura de plástico que agricultores usam sobre plantas que necessitam de mais calor para crescer, esses gases agem como uma estufa natural do planeta. Até certo ponto, isso evita que o globo se resfrie em demasia. (O planeta seria 30 graus mais frio sem essa proteção.) O problema é que, com essa camada cada vez mais concentrada, aumenta a retenção de calor.

Uma das conseqüências dessa situação é o derretimento de áreas das calotas polares e dos picos mais altos, com o conseqüente aumento do nível dos oceanos. Com o degelo, a luz solar, antes quase totalmente refletida pela neve, alcança o solo, é absorvida e aquece a superfície, acelerando ainda mais o descongelamento. Essa água despejada nos oceanos está reduzindo o grau de salinidade do mar. Isso muda seu peso e acaba alterando a formação das correntes marítimas. Essas, por sua vez, modificam o regime de ventos e chuvas. Em alguns pontos do Pacífico, segundo cientistas da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, a falta de chuva está deixando o mar mais salgado, o que também muda seu peso e, conseqüentemente, a direção de deslocamento. Assim, os fenômenos se aceleram.

O calor recorde registrado na Europa é para alguns especialistas o resultado de uma dessas alterações. A corrente de ar quente do Deserto do Saara que atravessa o Mediterrâneo e marca o pico do verão europeu ficou estagnada e criou três semanas saarianas no continente. Na África, teme-se que o efeito estufa agrave secas e pragas. No Lago Taganica, entre a República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Burundi, a produção de peixes caiu 30% em meio século. "É difícil afirmar que todas essas mudanças estão relacionadas ao efeito estufa, mas, se não reduzirmos a quantidade de gases emitidos na atmosfera, viveremos em um mundo mais quente e com grandes tragédias associadas ao clima", diz o cientista Vernon Kousky, do National Oceanic and Atmospheric Administration, o instituto de meteorologia dos EUA. Alarmistas chegam a dizer que 2.100 cidades em deltas de rios como o Nilo, no Egito, e o Ganges, na Índia, e arquipélagos como as Ilhas Marshall, no Pacífico, e as Maldivas, no Índico, poderão simplesmente desaparecer.

No reino animal, também se vê o impacto das mudanças climáticas. Períodos de reprodução de animais deixaram de coincidir com os de abundância de alimento, dificultando a obtenção de comida para os filhotes. Insetos antes restritos aos trópicos avançam em áreas temperadas. Em várias regiões, aves migratórias estão mudando a intensidade de suas viagens. Os biólogos temem que esse descompasso ameace a sobrevivência dessas espécies. Na Amazônia, os cientistas já descobriram que um ano de seca intensa reduz o crescimento das plantas e as deixa mais vulneráveis ao fogo. A combinação de calor com queimadas pode transformar um terço da Floresta Amazônica em um imenso cerrado. "Com esse cenário, muitas espécies deixarão de existir na Amazônia", explica o meteorologista Carlos Nobre, coordenador-geral do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. 

 

INCÊNDIOS FORA DE CONTROLE
Helic�ptero luta contra o fogo em floresta espanhola: chamas alimentadas pelo calor inusitado no ver�o europeu

 


Mudanças climáticas fazem parte da história geológica da Terra. Na era glacial, o nível do mar era 120 metros mais baixo. Em um passado remoto, a gelada Groenlândia foi coberta de verde. A Amazônia já foi savana e fundo de mar. Em todas as transformações, a vida animal e vegetal se adaptou ao ritmo imposto pela natureza. Isso também já se vê agora, pela observação dos esquilos do sudeste canadense. Pesquisadores da Universidade de Alberta constataram que os roedores, devido aos verões cada vez mais precoces, anteciparam em dezoito dias o ciclo de reprodução. Filhotes que nascem mais cedo estarão mais crescidos nos meses de escassez de alimentos, no outono e no inverno, e terão mais chance de sobreviver. "É a primeira vez que detectamos mudanças evolutivas induzidas pela alteração do clima em uma espécie animal", diz Stan Boutin, biólogo que coordenou a pesquisa.

Apesar do cenário ruim, há razões para crer que se encontrarão boas saídas. Segundo as contas dos economistas William Nordhaus e Joseph Boyer, da Universidade Yale, os prejuízos da manutenção do ritmo de aquecimento podem chegar a 794 bilhões de dólares na próxima década. O investimento necessário para conter ou reverter o processo, eles calculam, será de 459 bilhões de dólares, principalmente na substituição dos combustíveis fósseis por energia limpa. Em 1997, representantes de cerca de duas centenas de governos reunidos na cidade japonesa de Kioto firmaram um protocolo para diminuir as emissões de gases na atmosfera: 5% de redução no volume de fumaça lançado ao ar, entre os anos de 2008 e 2012. Os Estados Unidos, responsáveis sozinhos por mais de 35% de toda a fumaça lançada na atmosfera, negam-se a assinar esse documento alegando que o país não pode sacrificar sua economia em nome de uma teoria sem consenso científico. A Rússia, outra peça-chave para a efetivação do protocolo, anunciou em uma conferência internacional no mês passado, em Milão, na Itália, que também não o assinará.

Com o impasse em relação a Kioto, ganham força propostas alternativas. Entre elas está a criação do mecanismo de "redução compensada", apresentado na conferência de Milão. Por esse sistema, as florestas tropicais serão incluídas no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – pelo qual países poluidores financiam programas para preservar o meio ambiente nos países que sujam menos. O Brasil pode sair ganhando com isso. As queimadas são responsáveis por 25% de todas as emissões de carbono na atmosfera. Aqui, dois terços de tudo o que é lançado no ar em forma de fumaça vêm da destruição da Floresta Amazônica. Com o "desenvolvimento limpo", um país que tem florestas e reduz suas taxas de desmatamento pode receber créditos para o financiamento de projetos nas áreas onde a destruição da mata foi menor. Essa é mais uma razão para que países como o Brasil tomem mais cuidado com suas florestas. "A redução do desmatamento será um bom negócio", analisa o ecólogo brasileiro Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

Leonardo Coutinho

(Revista Veja)

 


Por que está ficando mais quente? o que fazer? O que achou do texto?

Data: 23/04/2015

De: Tiphani Hellen Oliveira

Assunto: Cada vez mais quente

A falta de cuidados com o meio ambiente, a poluição, são fatores que estão acelerando desastres naturais e prejudicando o meio em que nós vivemos.
O homem deve pensar e ter consciência de que essas ações estão causando reações não benéficas para ele e para o mundo. E assim mudar sua forma de agir, dar valor ao que temos, cuidando melhor do mundo, tendo como resultado uma vida melhor.
O texto trás informações alertadoras, além de ser muito interessante e importante dê se ler.

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Data: 22/04/2015

De: Maria Eduarda Rezende

Assunto: Cada vez mais quente

Poluição de rios, destruição de habitat, desmatamento, queimadas, tudo isso e muito mais ajuda na destruição da camada de ozônio e acarreta no aquecimento global.
Vamos pelo menos parar por um tempo e pensar que os nossos ancestrais cuidaram bem de tudo pra termos uma vida boa e feliz, vamos tentar cuidar também para que as outras pessoas que viverão aqui no futuro, tenham uma vida ainda melhor e muito mais confortável, sem falta de água e com lugares bem arborizados. Precisamos ser protegidos contra essa poluição das indústrias e fumaças.

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Data: 22/04/2015

De: Giovanna Fachinelli

Assunto: Cada vez mais quente

Toda vez que nós queimamos as matas, desmatamos, poluímos, devastamos, utilizamos combustíveis fósseis, poluímos os rios, nós estamos contribuindo para que ocorra o aquecimento global em um tempo indeterminado. Temos que conscientizarmos pra que haja vida futuramente (animais, plantas, pessoas) e haja também os nossos bens maiores: ÁGUA E OXIGÊNIO ,para que os outros de nós que um dia pisarão, viverão e construírão famílias aqui, tenham tudo do bom e do melhor, sem ausência. Então para isso acontecer ,temos que cuidar, ter educação e respeito com o que as outras pessoas usarão daqui uns anos.
VAMOS FAZER ALGO ANTES QUE FIQUE MAIS TARDE DO QUE JÁ ESTÁ.

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Data: 22/04/2015

De: Liniker Benzi Cunha

Assunto: Cada vez mais quente

Por causa das mudanças climáticas,várias queimadas ,poluição de automóveis ,etc.Achei muito informativo ,bem legal ,idéias inovadoras etc

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Data: 12/04/2015

De: Rayane Morais

Assunto: Cada vez mais quente

Porque ele visa apenas o financeiro, então promove queimadas, emissão de gases descontrolada, e isso tudo promove o aquecimento do planeta.O gás carbonico faz com que uma camada que temos ao redor da terra chamada ozonio, que protege o planeta dos raios solares, vai diminuindo e por isso que o planeta esta mais quente. Temos que tomar consiencia e mudar as atidudes. Gostei do texto, tinha muitas coisas que eu ainda não sabia sobre o assunto.

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